sábado, 14 de junho de 2008

FUBICAS DA DÉCADA DE 60

Vamos começar pelos anos 60, a infância da indústria automobilística nacional. Uma época em que não apenas você podia comprar um carro com pintura em duas cores, como muito dificilmente seria em dois tons de cinza, ou cinza e preto.-FNM JK (posteriormente FNM 2000)-Simca Emi-Sul-VW 1600 4 portas (Zé do Caixão)-DKW Belcar Rio-Willys InterlagosVamos aos indicados:FNM JK: Você, caro leitor, acha que seu carro é moderno por ter duplo comando de válvulas no cabeçote? Pois é, o JK já tinha isso há quase 50 anos atrás! E fabricado no Brasil! Foi um projeto da Alfa Romeo para concorrer no mercado norte americano, mas cujo estilo não teve sucesso nem nos EUA nem na Europa. Foi vendido para a Fabrica Nacional de Motores (FeNeMê), estatal que já fabricava sob licença caminhões italianos Isotta-Fraschini e posteriormente Alfa Romeo. Nos trópicos se firmou como um modelo de alto luxo, mas sempre teve contra sí o controle de qualidade irregular e o medo dos mecânicos brasileiros a qualquer coisa um pouco mais complexa que a mecânica do Jeep Willys e do Fusca - e como todo Alfa, era uma mecânica sofisticada para a época. Carrão!Simca Emi-sul: Na Europa, Chambord (além de um castelo maravilhoso) era uma das versões do Simca Vedette. Como um carro com esse nome teria uma vida difícil nesse país tropical, o produziram por aqui com o nome Chambord mesmo. Aliás, a perua dele na França era a Vedette Marly, que aquí virou Jangada por motivos mais ou menos óbvios...Seu motor, herdado da compra da Ford francesa pela Simca, era descendente direto do V8 Flathead dos Ford de 1932. Robusto, mas fraco para o peso do Simca. Tanto que nesse sarcástico país ao sul do equador ele ganhou a alcunha de Belo Antônio, personagem interpretado pelo (então) galã Marcello Mastroianni que pela sua beleza conquistava a todas, mas na hora H... nada (lembrem-se, na época não existia Viagra e similares). O Emi-Sul continuava com uma parte elétrica pouco confiável, mas seu motor já tinha câmaras de combustão hemisféricas (aquelas mesmas dos Chrysler Hemi), o que aumentava sensivelmente a potência. Ótima suspensão a do Simca.VW 1600 4 portas (Zé do Caixão): O sarcasmo do povo brasileiro fez mais uma vítima depois do Fusca 65 com teto solar (o famoso Cornowagen), o VW 1600 4 portas teve uma vida efêmera graças à sua comparação com o personagem do então jovem cineasta José Mojica Marins. Quadradão, com quatro maçanetas cromadas lembrando alças? Zé do Caixão!Justiça seja feita, o carro estava atualizado com o design da época, era quase uma cópia do Renault R8 (o sucessor do Dauphine/Gordini), e devemos lembrar que o Fiat 124 foi lançado um pouco antes, em 1964. Que Fiat é esse??? É aquele que os brasileiros compraram com o nome de Lada Laika, meus caros. Uma das pouquíssimas chances que se teve de comprar um carro antigo zero quilômetro. O Zé veio com um dos melhores bancos dianteiros que já experimentei num VW com motor traseiro (nunca andei de SP2, antes que me critiquem), segurava muito bem o corpo nas curvas e tinha ótimo espaço para a cabeça (e olha que tenho 1,83m). Gostaria de ter um desses.DKW Belcar Rio: Minha mãe odeia DKWs até hoje, mas o bicho era mais ou menos o que o Logan é nos dias atuais: a melhor relação preço / espaço interno do mercado. Muito querido dos taxistas pela sua mecânica simples e espaço interno avantajado para o tamanho do carro, o DKW (Das Kleine Wunder, a pequena maravilha) tinha uma legião de fãs e fazia um bom sucesso em competições, onde a Vemag (que o produzia no Brasil) montou a primeira equipe oficial de fábrica das pistas brasileiras. O Rio já não tinha as portas dianteiras "suicidas" (ou Deixavê, como diziam aqueles que ficavam aguardando mulheres descerem do carro usando saias) mas vinha com motor 1000 ao invés do 900 dos primórdios e tinha o Lubrimat, equipamento que permitia dispensar a adição de óleo 2T direto no tanque de combustível.Willys Interlagos: Com base na mecânica do Dauphine / Gordini, a Renault criou o Renault Alpine A108, que no Brasil recebeu o nome de Willys Interlagos. Belíssimo, espertíssimo nos trechos travados das pistas, propiciava belos espetáculos nas mãos de gente como Bird Clemente, sempre atacando as curvas em derrapagem controlada com a traseira (drift, como diz a gurizada) para compensar nas curvas o que perdia nas retas devido ao seu diminuto motor. Um carro que até hoje dá gosto de ver. Poucos foram fabricados, menos sobreviveram (a pilotagem de todo carro com motor atrás do eixo traseiro deve ser cuidadosa) e menos ainda restaram originais - afinal, nos anos 70 já era difícil arrumar peças para seu motor, e muitos tiveram adaptada mecânica de Fusca...Podem se perguntar onde está o Aero-Willys. Pois bem, ele ficou em sexto lugar. A primeira geração (60 a 62) já era antiquada para a época, a primeira reestilização com rabo de peixe pontudo não achei muito feliz, e só acertaram o estilo por volta de 65, quando a traseira perdeu os "bicos". Além disso, no Jeep e na Rural o motor dava conta, no Aero não. Como pontos positivos, carroceria e suspensões muito resistentes, além de a partir de 63 ter melhorado bem o acabamento.
Texto elaborado por Bianchini

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