segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Molécula presente no vinho pode virar remédio contra o envelhecimento

A PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) vendeu duas patentes para a Eurofarma com a intenção de produzir um medicamento contra doenças relacionadas ao envelhecimento. O remédio terá como base o resveratrol -molécula que está presente no vinho e no suco de uva. Foi a primeira vez que a universidade teve patentes licenciadas para uma empresa. A molécula ajuda a controlar a chamada homeostase, o equilíbrio entre as funções do organismo. Segundo os pesquisadores, o resveratrol, que é um antioxidante, ajuda a regular proteínas ligadas a essa função. Com a molécula isolada em um medicamento, porém, as pessoas deixam de ter o resveratrol como desculpa para ingerir bebida alcoólica. Uma das patentes da PUCRS se refere à descoberta do professor da Faculdade de Química André Souto, que encontrou grande concentração da molécula na raiz de uma hortaliça chamada azeda. Ela possui cem vezes mais resveratrol do que o suco de uva ou o vinho. Outra patente trata de uma formulação para aumentar a retenção desse composto no organismo, também elaborada por Souto. "A molécula tem um problema: é eliminada muito rapidamente", explica. "O desafio, então, foi inventar uma formulação que ficasse mais retida no organismo." Segundo o pesquisador, um dos objetivos é testar a eficácia do remédio contra diabetes tipo 2, que é mais comum em idosos e está relacionada em certa medida ao desequilíbrio homeostático. Antes dos testes em humanos, serão feitos estudos da ação do fármaco em culturas de células e em cobaias. Se o medicamento der certo, a PUCRS terá direito a 4% sobre as vendas, e esse valor é dividido com o pesquisador, que fica com 30%. Segundo Souto, o resveratrol pode abrir a porta para a chamada "medicina holística", que se propõe a tratar do organismo com um todo, e não de doenças específicas. De acordo com Wolney Alonso, diretor de Inovação da Eurofarma, a expectativa otimista é colocar o remédio no mercado em 2013. Segundo ele, o campo de atuação da droga pode ser muito amplo, incluindo até mesmo doenças relacionadas à memória. "Mas ainda faltam estudos sobre seus efeitos colaterais e sobre a quantidade máxima que pode ser ingerida", disse.

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